A obesidade e o sedentarismo formam hoje uma das combinações mais alarmantes para a saúde pública global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o mundo enfrenta uma verdadeira epidemia de obesidade, com números que cresceram quase triplicaram desde 1975. No Brasil, o panorama não é diferente — dados do Ministério da Saúde apontam que 60% da população brasileira está com sobrepeso e 25% já são considerados obesos.
O ciclo perigoso: sedentarismo e obesidade
Obesidade e sedentarismo caminham juntos. A falta de atividade física reduz o gasto calórico diário, favorecendo o acúmulo de gordura corporal. Esse excesso de gordura, por sua vez, afeta o metabolismo, prejudica o funcionamento de diversos órgãos e contribui para o desenvolvimento de doenças como:
- Diabetes tipo 2.
- Hipertensão arterial.
- Doenças cardiovasculares.
- Alguns tipos de câncer (como mama e colorretal).
- Doenças osteoarticulares (artrose, problemas de coluna).
- Distúrbios psicológicos, como depressão e ansiedade.
Brasil: retrato de uma população cada vez mais inativa
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2023 revelou que cerca de 47% dos brasileiros são sedentários. O problema é ainda mais grave entre jovens: cerca de 84% dos adolescentes não atingem o nível mínimo de atividade física recomendado pela OMS (150 minutos de atividade moderada por semana).
Esse cenário é agravado por:
- A alta disponibilidade de alimentos ultraprocessados.
- O aumento do tempo em telas, reduzindo atividades ao ar livre.
- Falta de espaços públicos adequados para prática esportiva.
A obesidade como fator de risco para outras doenças
A obesidade não é apenas uma questão estética; ela está diretamente relacionada ao aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), responsáveis por cerca de 72% das mortes no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Além disso, pacientes obesos têm maior risco de complicações em casos de doenças infecciosas, como observado durante a pandemia de COVID-19.
Estratégias de enfrentamento
Combater a obesidade e o sedentarismo exige ações integradas entre poder público, sociedade civil e iniciativa privada. Algumas estratégias incluem:
- Programas de educação alimentar e incentivo à atividade física desde a infância.
- Políticas públicas de restrição à publicidade infantil de alimentos ultraprocessados.
- Criação de espaços urbanos seguros para prática de exercícios (praças, ciclovias, academias ao ar livre).
- Incentivo ao acompanhamento médico e nutricional periódico.
- Campanhas de conscientização sobre os riscos da obesidade.
A obesidade e o sedentarismo são, acima de tudo, problemas estruturais que refletem a maneira como a sociedade moderna organiza sua alimentação, seus espaços e seu tempo. Combater essas condições vai muito além de dietas passageiras ou modismos fitness — é uma questão de política pública e de conscientização coletiva.
O Março Verde (Dia Nacional de Combate ao Sedentarismo, em 10 de março) e o Dia Mundial da Obesidade (4 de março) nos convidam a refletir: como podemos construir uma sociedade onde a saúde e o bem-estar sejam prioridades reais? A mudança começa hoje — em cada escolha que fazemos.